Participei alguns anos atrás de um encontro de escritores, onde conversei com várias mulheres que são escritoras e também mães de crianças pequenas. Gerenciar, ao mesmo tempo, crianças pequenas e palavras é um caminho difícil. Falamos sobre conter dúvidas, saber tudo e honrar a Deus em ambas as esferas de influência.
Voltei para casa na hora certa de pegar o final do Grammy Awards e fiquei especialmente impressionada com o discurso de premiação da Adele, para Álbum do Ano. Não, não a parte da tietagem dela com a Beyonce, mas a parte em que ela confessa, na frente de milhões de pessoas, que ser mãe é “muito difícil”. Sua vulnerabilidade imediatamente me lembrou das minhas escritoras-amigas que compartilharam suas histórias de maternidade com olhos cheios de lágrimas, e de meus próprios primeiros dias como mãe de três meninas.
“A última vez em que estive aqui, cinco anos atrás”, disse Adele, “também estava grávida e não sabia, descobri logo depois, e foi a maior bênção da minha vida. Na minha gravidez e ao me tornar mãe, perdi uma boa parte de mim mesma. Foi uma luta. E às vezes ainda é uma luta ser mãe. É muito difícil.”
Ouvi um suspiro coletivo de alívio… ou um caloroso “Amém”?
Ao pensar nas palavras da Adele, percebi três verdades sobre a maternidade que toda mãe precisa ouvir. Estas são verdades que, tivesse eu reconhecido-as no início de minha jornada como mãe, poderiam ter me poupado de muitas dúvidas e dificuldades.
1. É muito difícil.
Gostaria que mais mães jovens se sentissem livres para admitir que a maternidade é difícil, não para se atolar nas dificuldades, mas para reconhecer que não podemos fazer isso sozinhas. Alguns dias são pura e simplesmente difíceis. Tudo bem admitir a nossa luta, ser vulnerável, pedir ajuda. O trabalho dos pais tem importância eterna. Seríamos ingênuos se ignorássemos que o inimigo lança obstáculos no nosso caminho: dúvidas, cansaço, e acima de tudo, desânimo.
O apóstolo Paulo comparou o obreiro do evangelho com o ser “derramado como uma oferta de bebida” (2 Tm 4.6). Ele deu tudo de si, até que não houvesse mais nada para oferecer. Assim é a maternidade na maioria dos dias.
Mas preste atenção no que ele diz em seguida: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.7). Ao invés de se atolar na dificuldade do seu chamado, ele refletiu sobre o que esses dias difíceis significaram. Eles o refinaram, fizeram-no crescer. Paulo sabia que os desafios, por mais complicados que fossem, valeram a pena.
Mães de crianças mais velhas, não disfarcem as dificuldades dos anos iniciais da maternidade. Vamos admitir nossos dias difíceis e encorajar as mães mais jovens na corrida. O trabalho de criar filhos vale todos os sacrifícios exigidos.
2. Foi uma luta.
Meus primeiros dias como mãe foram os dias mais solitários da minha vida, não porque não tivesse pessoas ao meu redor, mas porque eu não sentia que era boa o suficiente. Olhava para as mulheres extraordinárias na minha igreja e concluía que eu era a única lutando. Essas mulheres, ativas e piedosas, não poderiam de jeito nenhum estar enfrentando depressão, ansiedade, pavio curto ou contas no limite. Meu isolamento foi profundo.
Foi preciso um “cair de queixo” numa sala de aconselhamento para eu aprender que não era a única mãe que lutava. Agora, cada vez que vejo uma mãe (incluindo a Adele!) garantir à outra que ela entende, que passou por isso e que ela vai sair dessa, me dá vontade de levantar e aplaudir.
Mães mais velhas, sejam honestas sobre suas lutas para que as mães mais jovens na sua igreja não se sintam sozinhas. Compartilhe como a graça de Deus foi suficiente e que Seu poder se aperfeiçoou na sua fraqueza (2 Co 12.9). Vamos ser exemplos de vulnerabilidade, não para reclamar das nossas lutas, mas para mostrar aos outros como Deus nos supre em nossas fraquezas.
3. A maternidade é uma bênção incrível.
As mães mais jovens podem não conseguir ver isso ainda, mas essa é a maior de todas as verdades: A maternidade é uma bênção. Cada dia transborda com momentos de valor inestimável: abraços para dar, dedos para beijar, lágrimas para enxugar. Assistir a nossos filhos crescerem na fé e se desenvolverem sob nossos cuidados.
No entanto, essas bênçãos exigem perseverança e perspectiva.
Assim como Paulo perseverou em levar o evangelho em meio a dificuldades e sofrimentos, devemos perseverar em discipular os nossos filhos. Cada dia traz novas oportunidades para orientá-los no caráter de Cristo.
Ter uma perspectiva evangélica transforma nossa visão da maternidade. Quando parei de focar em tudo o que eu não podia fazer ou em tudo o que eu achava que estava perdendo, encontrei liberdade para focar no que tenho de fazer, como formar o caráter das minhas filhas, ensinando-lhes a Palavra de Deus. Minha vida como mãe se tornou mais alegre à medida que compreendi a importância do meu papel. Só então aprendi o segredo do contentamento (Fp 4.12).
Mães mais velhas, ao compartilharem tanto as bênçãos quanto as dificuldades da maternidade com as mães mais jovens, vocês estarão alimentando a perseverança e a perspectiva delas.
No final, a maior bênção que recebemos como mães não tem nada a ver com nossos filhos, mas tudo a ver com a promessa da presença de Deus. Isaías 40:11 nos assegura de que Deus “conduz com cuidado [aquelas] que amamentam”. A presença de Deus, Sua atenção carinhosa e Sua promessa de nos guiar enquanto cumprimos o chamado que Ele nos confiou: Essas são as bênçãos mais verdadeiras da maternidade.
Traduzido por Mariana Alves Passos.
Shelly Wildman é ex-instrutora de escrita no Wheaton College e autora do livro a ser lançado First Ask Why: Building Strong Families Through Intentional Discipleship (Kregel) [Pergunte Primeiro Por Quê: Construindo Famílias Fortes Através do Discipulado Intencional]. Shelly é formada pelo Wheaton College (bacharelado) e pela Universidade de Illinois em Chicago (mestrado), mas o trabalho mais importante de sua vida foi criar suas três filhas adultas. Ela e seu marido Brian fazem parte da College Church, em Wheaton.
fonte https://coalizaopeloevangelho.org/article/as-palavras-mais-sabias-ditas-no-grammy/